03/11/09

Maravilhosa Graça


É muito comum entre os cristãos afirmar-se que o cristianismo é uma religião da graça! Entre nós enfatizamos e destacamos a graça como um favor imerecido. Assim como a palavra ágape que descreve o amor, entendemos que a palavra charis descreve a graça ambas usadas e com símbolo verdadeiro somente entre os cristãos.

Entendemos graça como a bondade espontânea e autodeterminada de Deus, anteriormente totalmente desconhecida do vocabulário ético e teológico grego. Definimos graça como a riqueza de Deus baseada em Cristo Jesus, perdoando-nos e chamando-nos para Si mesmo. Entretanto, apesar de todo esse conhecimento, parece não haver muitos cristãos que, de fato, creiam e vivam na graça.

Na verdade, temos sempre um grupo de cristãos que acham a idéia da graça tão irresistivelmente maravilhosa que nunca perdem esse sentimento inicial. Muitos adotam para si as palavras de Paulo em 1Co 15.10 e Gl 2.21. Porém, esses mesmos ligam esses conceitos quase que exclusivamente à salvação. Infelizmente, mesmo citando-a em suas conversas, a maioria dos cristãos não vive na graça no seu dia a dia. Ao invés disso basta que tenham alguma tribulação ou aflição, basta que tenham uma opinião contrária ao seu parecer, explodem, xingam, se irritam, ficam irados e magoados. Perdem a graça! O problema é que muitos de nós apesar de falarmos muito sobre a graça não a experimentamos constantemente, porque no fundo do nosso coração não temos uma definição correta desse atributo divino.

Precisamos conhecer quatro verdades fundamentais sobre a doutrina da graça para podermos nos relacionar bem com Deus e com os homens. Essas são as quatro verdades básicas sobre a maravilhosa graça:

O homem é moralmente indigno – Embora estejamos a cada dia avançando no campo da ciência e da tecnologia. Embora tenhamos complacência conosco mesmo, crendo que estamos melhorando, temos que admitir que o ser humano continua moralmente aquém do padrão que temos em Deus. Temos que admitir que o homem é uma criatura que está com a imagem de Deus distorcida, que é rebelde contra a lei divina e que por causa dos pecados é culpado diante de Deus.

Deus é retribuidor em sua justiça – O homem moderno costuma não enxergar os seus erros. Admite o erro nos outros entendendo que ele mesmo os cometeria se as suas circunstâncias fossem diferentes. A boa vontade em tolerar e conviver com o pecado faz-nos aceitar os nossos próprios desmandos. E, diante disso cremos que Deus age da mesma maneira. Não se crê mais que Deus retribui em sua justiça. Não se crê mais que Deus odeia o pecado. Temos que nos conscientizar de que Deus não será fiel a Si mesmo se não condenar o pecado. Ele é santo, justo e zeloso.

O homem é incapaz espiritualmente – Nesses dias pós-modernos vivemos sob um princípio sutil e perigoso. Colocamos o outro sempre numa posição em que ele não pode dizer não. E ai, o temos em nossas mãos. Como fazemos isso? Com presentes, com elogios e com os mais diversos mimos. Compramos as pessoas dessa maneira e assim também queremos agir com Deus. Fazemos os deveres religiosos, contribuímos para as causas meritórias e cremos que Ele nos aceita. Temos que perceber que somos injustos e não obteremos nada com Deus por essa barganha.

Deus é soberanamente livre – Nos esquecemos que o nosso Deus não depende de nós para se sentir bem (Sl 50.8-13). Esquecemos que Deus não está obrigado a nos perdoar quando pecamos. Esquecemos que Deus não tem obrigação de impedir o desenvolvimento da Sua justiça quando erramos. Temos que aceitar que Deus é soberanamente livre para agir como bem entender dentro dos Seus princípios.

Somente quando entendemos que Deus não é obrigado a nada podemos usufruir da maravilhosa. Somente crendo dessa maneira podemos compartilhar da imerecida e maravilhosa graça divina.

Viva dessa maneira e agradeça a Deus por sua maravilhosa graça!

[ O prof. Itamir Neves leciona Teologia do Novo Testamento na FLAM]

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Maio de 2009